Quatro estratégias para aumentar produtividade no Brasil
Ruth Costas
Da BBC Brasil em São Paulo
Atualizado em 2 de junho, 2014 - 05:09 (Brasília) 08:09 GMT
Perto do pleno emprego, Brasil precisa aumentar qualificação de força de trabalho
Nos anos 80, o Brasil e a Coreia
do Sul tinham índices de produtividade semelhantes. Hoje, o que um
coreano produz em um dia, um brasileiro produz em três, segundo dados da
entidade americana de pesquisas Conference Board.
"O Brasil e outros países da América Latina
precisam olhar urgentemente para experiências de países de fora da
região se quiserem impulsionar seus índices de produtividade”, disse à
BBC Carmen Pagés, especialista em mercado de trabalho do Banco
Inter-Americano de Desenvolvimento (BID).
"Há experiências muito valiosas em países como a
Coreia e a Austrália que poderiam ajudar os brasileiros principalmente a
alinhar os conhecimentos e habilidades desenvolvidos em seu sistema
educacional ao que as empresas precisam para produzir mais e melhor."
Em um cenário de taxas de desemprego
historicamente baixas, há certo consenso entre economistas brasileiros
de que para acelerar o crescimento será preciso aumentar a produtividade
dos trabalhadores no país.
"Pela primeira vez na nossa história falta mão
de obra - o que nos obriga a aproveitar nossos trabalhadores de forma
mais eficiente", diz Hélio Zylberstajn, professor de economia da
Universidade de São Paulo (USP).
É por isso que a "produtividade" tornou-se um dos temas centrais do atual debate econômico.
"Qualificar melhor os trabalhadores brasileiros é
hoje um dos nossos grandes desafios - e é sempre importante conhecer a
experiência dos outros países nessa área", diz Silvani Pereira,
secretário substituto de Políticas Públicas de Emprego do Ministério do
Trabalho e Emprego.
Pereira explica que o ministério tem promovido
visitas e parcerias com outros países buscando se informar sobre seus
sistemas públicos de emprego, qualificação profissional e estratégias de
treinamento dentro da empresa.
"Mas é claro que é crucial fazer a ressalva de
que nem tudo o que tem sucesso e ajuda a ampliar a produtividade em um
lugar pode ser automaticamente aplicado em outro em função de
especificidades econômicas, históricas e sociais."
Abaixo, a BBC Brasil listou quatro estratégias
sugeridas por especialistas em um evento promovido pelo BID em São
Paulo. Segundo eles, poderiam inspirar o Brasil e outros países
latino-americanos em sua busca por mais produtividade.
Eles ressaltam que não se tratam de experiências
que poderiam ser implantadas automaticamente por aqui, mas soluções que
podem ajudar o país e a região a encontrarem respostas originais ao
problema do ajuste das habilidades dos trabalhadores às necessidades das
empresas:
1. Valorização e flexibilização do ensino técnico
Para Carmen Pagés, do Banco Interamericano de Desenvolvimento, a
falta de trabalhadores de formação técnica é hoje um dos fatores que
afeta a produtividade na América Latina.
Segundo ela, países como a Coreia do
Sul, a Austrália, o Canadá, a Nova Zelandia, a Alemanha e a Suíca, que
integraram "perfeitamente" o ensino técnico em seu sistema educativo
estão entre os que melhor conseguiram alinhar a formação dos
trabalhadores às necessidades das empresas.
"Nesses países o sistema é muito
flexível", diz Pagés. "Você pode passar do acadêmico ao técnico e do
técnico ao acadêmico com facilidade e há mais integração entre esses
dois ramos - o que ajuda a evitar o estigma em relação ao ensino técnico
que existe no Brasil, além de reduzir o problema do 'isolamento' dos
ambientes acadêmicos do mercado."
Pagés diz que na Suíça algo em torno de 60% dos estudantes do ensino médio optam pelo ramo técnico.
"Eles sabem que se quiserem trabalhar,
isso lhes dará mais possibilidade de inserção no mercado, mas também
sabem que se, depois disso, resolverem voltar para a sala de aula para
seguir o ramo das ciências humanas, ou debater aspectos teóricos ligados
a sua profissão, por exemplo, a transição será simples."
Na Austrália, os estudantes podem
transferir créditos dos cursos técnicos da chamada Technical and Further
Education Commission (Tafe) para os cursos de universidades regulares, o
que permite uma combinação entre os dois tipos de ensino.
"As pessoas nos procuram em qualquer
etapa de sua vida profissional: temos cursos para quem tem 18 anos e
para quem tem 40 e quer ampliar suas possibilidades profissionais",
explicou à BBC o australiano Peter Holden, diretor da Tafe.
O ensino técnico começou a se expandir
na Austrália nos anos 70. Nos anos 90, foram feitos ajustes para
garantir que os conteúdos dos cursos atendiam a demanda das indústrias
locais (até então o foco do sistema era seu papel social).
"Nós passamos a conversar mais com as
empresas e, como alguns de nossos professores foram trazidos da
indústria, eles também se encarregaram de nos manter informados sobre
quais conhecimentos e habilidades são requisitados."
2. Sistema de Certificados
Para tirar uma carteira de motorista, em geral o candidato faz um
teste de direção. Se mostrar que sabe dirigir, recebe o documento, se
cometer muitos erros, não recebe. Não interessa se ele aprendeu a
dirigir com o avô e estudou sozinho as leis de trânsito ou se fez 30
aulas em uma auto-escola.
Na Coreia do Sul, um sistema de
certificados nacionais para o ensino técnico parece funcionar de uma
maneira semelhante, como explicou Joon-Chul Eom, do Ministério do
Emprego e Trabalho da Coreia do Sul, em evento promovido pelo BID em São
Paulo.
Os candidatos fazem uma série de provas
orais e escritas após comprovar que têm experiência prática ou
estudaram determinada área. Se passarem, recebem certificados nacionais
que atestam suas habilidades e conhecimentos específicos.
Um trabalhador pode ser certificado em
gastronomia coreana, por exemplo. Outro, em serviços de engenharia
elétrica ou mecatrônica. As provas são rígidas, e os índices de
aprovação podem chegar a 10% em alguns casos.
No caso do ensino técnico, a
certificação fica a encargo do Ministério do Trabalho, mas também há
certificados para as profissões de nível superior, que são em geral
administrados por outros ministérios.
O sistema é uma forma de garantir e
padronizar a qualidade dos profissionais formados no país, facilitar a
busca e a colocação no mercado de trabalhadores com habilidades
específicas e ao mesmo tempo estimular os coreanos aprimorarem suas
habilidades - uma vez que elas podem ser formalmente "reconhecidas".
É claro que há críticas. Um estudo da
OCDE de 2012, por exemplo, defendia que as certificações de ensino
superior seriam uma "duplicação desnecessária", uma vez que os alunos já
seriam avaliados em sua instituição de ensino.
"Trata-se de um sistema interessante e
que mereceria ser estudado mais a fundo, embora no Brasil acho que seria
impensável implantar algo nessa escala", diz Hélio Zylberstajn, da USP.
"Quem ficaria encarregado dos certificados?"
3. Educação nas empresas
O australiano Peter Holden, da entidade governamental Tafe, diz que
em seu país uma das experiências mais bem sucedidas na área de formação
do trabalhador são as parcerias com empresas para o fornecimento de
cursos dentro do ambiente de trabalho.
"Há cursos em áreas específicas ou de
formação mais básica. Algumas empresas nos indicaram um grupo de
funcionários que gostariam que recebessem noções de aritmética, por
exemplo", diz Holden.
Segundo Holden, o esquema é financiado conjuntamente pelo governo e as empresas.
"Muitos trabalhadores viram seus
trabalhos mudarem completamente em função da adoção de novas tecnologias
- e esses esquemas não só aumentam a produtividade das empresas, mas
também evitam que sejam demitidos e aumentam suas chances de uma
promoção."
Para Zylberstajn, da USP, os esquemas
de treinamento dentro das empresas estão entre as experiências que mais
poderiam ser aproveitadas no Brasil.
"Um dos problemas do nosso ensino
técnico é que as instituições de ensino e o setor privado conversam
pouco, então o que os alunos aprendem na sala de aula nem sempre é
válido para o mercado", diz o economista.
Silvani Pereira, secretário substituto
de Políticas Públicas de Emprego do Ministério do Trabalho e Emprego,
concorda que é preciso fazer avanços nessa área.
"O treinamento do trabalhador dentro da
empresa contribui para promover ganhos de produtividade já que o
alinhamento entre o que é ensinado e o que as empresas precisam é
perfeito. Além disso, tal sistema contribui para uma redução da
rotatividade dos trabalhadores", diz.
4. Esquemas de aprendizagem
Nessa área, a Alemanha parece ser, de
longe, o grande modelo. Lá os jovens têm a possibilidade de aprender um
trabalho dentro de um programa de aprendizagem conforme cursam o ensino
fundamental.
Os alunos dividem seu tempo entre as
escolas e as empresas, onde são orientados por um profissional mais
experiente para aprender um entre os 344 ofícios oferecidos pelo
programa. Eles recebem um salário e, ao finalizar o curso, têm a opção
de seguir a carreira na área.
Segundo Geoff Fieldsend, do British
Council, esse é um dos muitos esquemas adotados para melhorar a questão
da empregabilidade dos jovens, mas seus resultados ainda precisam ser
avaliados.
Produtividade não depende apenas do empenho e capacidade do trabalhador
Nos últimos anos, as empresas
brasileiras aumentaram sua produção contratando mais gente. Agora que os
índices de desemprego estão em patamares historicamente baixos, há
certo consenso entre especialistas, empresários e integrantes do governo
de que, para a economia voltar a crescer em ritmo acelerado, é preciso
aumentar a produtividade do trabalhador brasileiro.
O que é produtividade?
Fernanda de Negri explica que
produtividade é um conceito residual: trata-se de todo efeito sobre a
produção que não pode ser explicado olhando-se para o aumento do número
de trabalhadores (no caso do índice Produtividade do Trabalho) ou de
trabalhadores e máquinas (no da Produtividade Total dos Fatores).
Simplificando, se uma empresa produz
100 sapatos em um mês e no seguinte consegue produzir 200 sem comprar
novas máquinas nem contratar novos trabalhadores (ou pedir que seus
funcionários façam horas-extras), teve um ganho de eficiência ou de
"produtividade".
Pode ser porque os trabalhadores
aprenderam a operar melhor suas máquinas. Ou porque houve uma
simplificação burocrática no país em questão, que permitiu a empresa
reformular seu quadro de pessoal, aumentando a proporção dos que
trabalham diretamente na produção.
O fato de que vários fatores podem
afetar a produtividade faz com que também sejam muitas as teses sobre
como melhorar esse indicador.
"Pela primeira vez na nossa história falta mão
de obra - o que nos obriga a aproveitar nossos trabalhadores de forma
mais eficiente", diz Hélio Zylberstajn, professor de economia da
Universidade de São Paulo (USP), explicando por que a "produtividade"
virou a bola da vez do debate econômico.
"Até os anos 80, os índices de produtividade
brasileiros cresceram relativamente rápido em função de uma mudança
estrutural da economia", diz Fernanda de Negri, do Instituto de
Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA). A população migrou para as
cidades e começou a engrossar as fileiras de trabalhadores da indústria e
serviços – setores cuja produtividade costuma ser maior que a do setor
rural.
"A China está vivendo um processo semelhante,
por isso, para eles é mais fácil aumentar a produtividade de sua
economia enquanto para nós, que precisamos melhorar a performance dentro
de cada setor, é mais difícil", acredita.
Dados da entidade americana de pesquisas
Conference Board mostram que os funcionários de empresas brasileiras
produziram em 2013 uma média de US$ 10,8 por hora trabalhada.
Trata-se da menor média entre países latino-americanos.
A chilena foi de US$ 20,8, a mexicana, de US$ 16,8, e a argentina, de US$ 13,9.
Empresas grandes têm de empregar centenas de funcionários só para pagar impostos
Além disso, a mesma entidade registrou um
crescimento no índice de produtividade brasileiro de apenas 0,8% no ano
passado, após uma queda de 0,4% em 2012.
Para se ter uma base de comparação, o índice chinês teve alta de 7,1%.
Produtividade do trabalho é um indicador que dá a medida da eficiência do trabalho em cada lugar.
Simplificando bastante, poderíamos dizer, por
exemplo, que se no Brasil cada trabalhador produz 100 sapatos por mês e
nos Estados Unidos, cada um produz 200, a produtividade no setor
calçadista americano é o dobro da brasileira – embora na prática a
questão seja muito mais complexa (leia quadros ao lado).
Então porque um trabalhador no Brasil produz menos que um nos Estados Unidos, no Chile, Coreia do Sul ou Espanha?
Estamos tomando cafezinho demais, ignorando
prazos para entrega de resultados e trocando muita figurinha da Copa do
Mundo na hora do trabalho?
Como se calcula produtividade
Há diversas formas de se calcular a
produtividade de um país. Para começar é preciso diferenciar a
Produtividade do Trabalho (PT) da Produtividade Total dos Fatores (PTF).
A primeira dá a medida da eficiência
do trabalho. A segunda, de todos os fatores de produção - o que inclui,
além do trabalho, os bens de capital (máquinas e equipamentos). Com
isso pode-se diferenciar, em um aumento de produção, o que se deve a
ganhos de eficiência e o que ocorre, por exemplo, por causa da compra de
uma máquina.
Em geral, a produtividade do
trabalho é calculada dividindo-se o PIB pela quantidade de pessoas
ocupadas ou o total de horas trabalhadas (o que contabiliza os efeitos
das horas extras). Já na PTF divide-se o PIB pelo resultado de uma
função matemática que pondera o estoque de capital e a quantidade de
trabalho.
A verdade é que as causas do baixo crescimento da produtividade no Brasil ainda são tema de um amplo debate.
A revista britânica
Economist, por exemplo, causou polêmica no mês passado ao sugerir que o problema poderia ser atribuído também a fatores culturais.
"Poucas culturas oferecem uma receita melhor
para curtir a vida", afirmou a publicação, citando um empresário
estrangeiro que teria tido dificuldade para contratar profissionais
comprometidos com o trabalho no Brasil.
Para o economista da Unicamp, Célio Hiratuka, a tese é "simplista e talvez até um pouco preconceituosa".
"Em termos de cultura gerencial, o Brasil não é tão diferente de outros países que têm produtividade mais elevada", opina.
De Negri concorda que as causas do problema são
muito mais complexas. "A produtividade do trabalho não depende só da
capacidade ou empenho do trabalhador", diz.
"Uma empresa que adquire máquinas mais modernas
produzirá mais com o mesmo número de funcionários. Outra que precisa
alocar muitos empregados para pagar impostos ou resolver questões
burocráticas, será menos produtiva."
Para entender o que existe de relativo consenso
sobre as causas do baixo crescimento da produtividade no Brasil a BBC
entrevistou especialistas de diversas linhas teóricas. O resultado dessa
enquete são os quatro fatores, listados abaixo. Confira:
1. Educação
É consenso que trabalhadores mais
qualificados têm condições de produzir mais e melhor. E que investir em
qualificação ajuda a garantir profissionais para uma produção de maior
valor agregado.
Até aí, nenhuma novidade.
A questão é que, nos últimos anos, o
Brasil avançou no que diz respeito a escolaridade da população sem que
isso se refletisse em seus índices de produtividade.
"Na última década tivemos um aumento de
dois anos na média de estudo dos trabalhadores formais, segundo o Caged
(Cadastro Geral de Empregados e Desempregados)", diz De Negri.
"Trata-se de um aumento importante no
estoque de conhecimento - por isso, é uma surpresa que os índices de
produtividade não tenham respondido a isso."
Especialistas explicam tal descompasso com duas hipóteses.
A primeira estaria ligada à questão da
qualidade da educação no país. O fato de quase 40% dos universitários
brasileiros serem analfabetos funcionais (segundo o Instituto Paulo
Montenegro) dá a medida do desafio que o Brasil tem pela frente nessa
área.
A segunda hipótese se refere à suposta
falta de alinhamento entre os conhecimentos que as escolas e
universidades transmitem e o que as empresas precisam para produzir mais
- problema que os economista definem como "brecha de habilidades".
Nessa linha, são muitos os que apontam a necessidade de mais cursos técnicos no país.
"No Brasil e em outros países da
América Latina há um estigma em relação ao ensino técnico que precisa
ser quebrado", diz Carmen Pagés, especialista em mercado de trabalho do
Banco Inter-Americano de Desenvolvimento (BID).
"O governo até está se esforçando para
expandir as vagas no ensino técnico por meio do Pronatec (Programa
Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), mas mais uma vez
precisamos de uma avaliação séria desse programa para entender se o que é
ensinado corresponde ao que as empresas precisam", diz Zylberstajn, que
também defende a criação de esquemas de treinamento nas empresas.
2. Tecnologia e inovação
A produtividade não depende apenas da capacidade e empenho dos trabalhadores, como ressalta De Negri.
"Um trabalhador com um computador
potente pode ser mais produtivo que um com computador ruim ou sem
computador", exemplifica Marcelo Moura, professor do Insper.
Um país pode adquirir tecnologia ou produzir tecnologia - e no caso do Brasil parecem haver dificuldades nas duas frentes.
"Para começar, muitas vezes é caro importar máquinas e equipamentos em função de proteções a indústria nacional", diz Moura.
Além disso, o país também parece estar na lanterna do grupo dos emergentes quando o tema é a produção de inovações.
Segundo um estudo do escritório
Montaury Pimenta, Machado & Vieira de Mello, especializado em
propriedade intelectual, o Brasil fez 215 pedidos de registro ao
escritório americano de patentes (USPTO) em 2011, contra 3.174 da China,
1.234 da Índia e 298 da Rússia.
"Em todos os países asiáticos o
estímulo à inovação e adoção de novas tecnologias foi um dos pilares dos
avanços em índices de produtividade,", diz Hiratuka, da Unicamp,
mencionando o caso da Coreia do Sul, que já está investindo na
instalação da internet 5G.
"Já no Brasil, os níveis de
investimento nessa área são relativamente baixos e ainda falta uma certa
coordenação das políticas públicas de estímulo à inovação - como as
linhas de financiamento do BNDES - para que elas produzam os resultados
desejados."
3. Burocracia e infraestrutura
A complexa burocracia brasileira e as
deficiências de infraestrutura também têm um efeito importante sobre a
produtividade das empresas.
"É só notarmos a quantidade de pessoas
que as empresas precisam empregar para conseguir pagar (processar) seus
impostos – chegam a centenas de funcionários em grandes companhias como a
Petrobrás", afirma De Negri.
"São pessoas que não trabalham na atividade-fim da empresa e, portanto, não ajudam a aumentar a produção."
O excesso de burocracia também favorece
a manutenção das taxas altas de informalidade da economia - que
pressionam o PIB e os índices de produtividade do país no geral.
No caso da infraestrutura, um exemplo
extremo de como a produtividade pode ser afetada é o risco de falta de
energia: se há um apagão, não adianta os trabalhadores estarem a postos,
bem treinados e munidos de máquinas novas, de tecnologia de ponta.
No dia a dia das empresas, dificuldades
no escoamento da produção, transporte de insumos e deslocamento dos
trabalhadores também acabam consumindo recursos que poderiam ser
investidos em atividades que trouxessem incrementos de produtividade.
4. Competição externa
O Brasil protege demais suas empresas?
Tradicionalmente, um economista liberal
atacaria tais proteções enquanto um desenvolvimentista defenderia que o
governo deve proteger a indústria nacional durante um tempo até que ela
tenha musculatura para aguentar a competição externa.
Cada vez mais, porém, economistas
brasileiros dos dois grupos questionam proteções dadas a alguns setores
sob a forma de subsídios e barreiras tarifárias - relacionando tais
proteções ao problema de baixa produtividade no país.
"A falta de competição faz com que as
empresas se acomodem. É mais fácil ir para Brasília pedir incentivo do
que fazer mudanças para ganhar competitividade e produtividade", opina
Marcelo Moura, do Insper.
"Temos uma indústria automobilística que diz precisar de ajuda há 50 anos - alguma hora isso tem de acabar."
"Um pouco mais de abertura de fato
poderia funcionar como um incentivo para as empresas correrem atrás de
um aumento de produtividade", concorda De Negri, do IPEA.
"Mas não basta abrir para os produtos
importados, é preciso também estimular as companhias brasileiras a
exportarem e investir no exterior - porque ao fazer isso elas tomam
contato com novos mercados consumidores e novas técnicas de produção, o
que facilita os ganhos de competitividade."
Para Célio Hiratuka, da Unicamp, as
proteções à indústria nacional podem ajudar a desenvolver determinados
setores, "mas não devem ser incondicionais".
"Precisamos de mais pensamento
estratégico e uma política que funcione na base do incentivo e do
chicote – ou seja, que não só proteja as empresas, mas também lhes cobre
o avanço em determinadas metas (produtividade, inovação, exportação)."
Obtido de:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/05/140519_produtividade_porque_ru.shtml
ver também:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/04/140416_economist_produtividade_pai_mm.shtml